Em nota, PT critica senador do partido por defender pastor evangélico

Parlamentar defendeu o pastor, que sofre um processo acusado de incitar violência contra homossexuais

FOLHA DE S.PAULO

O Setorial LBGT (lésbica, gays, bissexuais e transgêneros) do PT divulgou nota nesta quinta-feira (5) para criticar o senador Lindbergh Farias (RJ), que é petista, por ter defendido no plenário do Senado o pastor evangélico Silas Malafaia. Na nota, o setorial petista afirma que Lindbergh "se afasta enormemente das posições do partido" ao sair em defesa do pastor na ação que responde no Ministério Público Federal de São Paulo por homofobia.

"Não há cálculo político ou eleitoral que justifique essa ruptura com os princípios do PT e com a própria trajetória do senador", diz a nota assinada pelo coordenador nacional setorial LGBT do PT, Julian Rodrigues.

Na nota, ele faz um apelo para que Lindbergh "se debruce um pouco mais sobre as posições do Malafaia" que seriam "incompatíveis com o Estado democrático de direito". Rodrigues diz, ainda, esperar que Lindbergh não tenha resolvido "se perfilar com o segundo grupo de políticos fluminenses, inimigos dos direitos humanos", ao citar os deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Anthony Garotinho (PR-RJ).

Na última terça-feira, Lindbergh defendeu Malafaia no plenário do Senado ao comentar discurso do senador Magno Malta (PR-ES) no qual ele criticava ação do Ministério Público Federal em São Paulo contra o pastor. A Procuradoria pede sua retratação por um discurso considerado homofóbico feito em julho de 2011 no programa "Vitória em Cristo", que é exibido na TV Bandeirantes em horário comprado por ele.

O pastor falava sobre a Marcha para Jesus e a Parada Gay, eventos que aconteceram em junho em São Paulo, e disse que a Igreja Católica deveria "baixar o porrete" em participantes da Parada Gay que "ridicularizaram símbolos da Igreja Católica". "É para a Igreja Católica 'entrar de pau' em cima desses caras, sabe? 'Baixar o porrete' em cima pra esses caras aprender. É uma vergonha", afirma o pastor no programa.

Lindbergh disse, no plenário, que não considerou a expressão "entrar de pau" uma maneira de incitar a violência física contra os homossexuais, como argumenta o Ministério Público. Ao afirmar que leu todo o processo contra o pastor, Lindbergh disse que houve intolerância com Malafaia.

"Eu não vi em nenhum momento, li com atenção, nenhuma incitação a esse "cair de pau" como agressão física. Não aceito nenhuma tipo de discriminação contra homossexual e nenhum tipo de violência. Existe violência, sim, neste país pelas pessoas serem, simplesmente, homossexuais. Mas acho sinceramente que, neste caso do pastor Silas Malafaia quero aqui trazer a minha solidariedade a ele", disse o petista no plenário.

Lindbergh falou ao comentar discurso do senador Magno Malta (PR-ES) para defender Malafaia e criticar o homossexualismo. Malta criticou o projeto em tramitação no Senado que criminaliza a homofobia --que tem o apoio do PT.

"A fala do companheiro Lindbergh se torna ainda mais grave por ignorar e desconsiderar o cerne do debate sobre o PLC 122, que é a interdição dos discursos que incitam a violência utilizando-se do pretexto da liberdade religiosa", diz a nota.

OUTRO LADO

Em resposta ao PT, Malafaia afirma que a nota do partido é "uma prova insofismável, irrefutável, de quem são os verdadeiros intolerantes".

"Ao ver as palavras do senador Lindbergh Farias, você pode observar a coerência, o equilíbrio deste senador em me defender. Em todo instante, de maneira bem clara, ele diz que não apoia a violência contra os homossexuais, mas, de forma justa, defende-me da armação dos ativistas gays."

Segundo o pastor, os ativistas gays "querem liberdade para xingar e ofender quem eles bem entendem, como fizeram nesta nota ao chamar a mim e o senador Magno Malta de homofóbicos e intolerantes".

"Como todos sabem, homofobia é uma doença classificada na psiquiatria. Isto é uma ofensa! Agora, se qualquer um chamar os homossexuais de doentes, eles querem processar. Mais uma vez para provar a calúnia e a mentira destes ativistas é que eu desafio esse medíocre --que escreveu a nota do PT-- a mostrar qual o dia que eu mandei bater em homossexual? Qual o homossexual que entrou em minha igreja e foi agredido? A verdade é que eles querem me calar, mas maior é o que está comigo do que o que está com eles."
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