Parada gay causa polêmica ao atacar igrejas


A 15ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo reuniu cerca de quatro milhões de pessoas, segundo os organizadores, na Avenida Paulista domingo, 26/06. E causou polêmica usando santos em uma campanha pelo uso de preservativos.

Em 170 cartazes distribuídos em postes por todo o trajeto, 12 modelos masculinos, representando ícones como São Sebastião e São João Batista, apareciam seminus ao lado das mensagens “nem santo te protege” e “use camisinha”.

“Nossa intenção é mostrar à sociedade que todas as pessoas, seja qual for a religião delas, precisam entrar na luta pela prevenção das doenças sexualmente transmissíveis. Aids não tem religião”, diz o presidente da Parada, Ideraldo Beltrame.

Ao eleger como tema “Amai-vos Uns Aos Outros”, a organização uniu a vontade de conclamar seguidores com a de responder a grupos religiosos. Na Marcha para Jesus, na última quinta-feira, 23, a decisão do Supremo Tribunal Federal – STF em favor da união estável homoafetiva foi atacada.

As opiniões de evangélicos dissidentes, que fundaram igrejas inclusivas e acompanham a Parada, no entanto, são variadas. “Não tinha necessidade de usar pessoas peladas para representar santos. Faz a campanha, mas não envolve as coisas de Deus”, opina a pastora lésbica Andréa Gomes, de 36 anos, da Igreja Apostólica Nova Geração. “A campanha foi mais de encontro aos ditames da Igreja Católica. Nós não temos santos”, diz o pastor José Alves, da Comunidade Cristã Nova Esperança.
“Infeliz, debochada e desrespeitosa”

O cardeal d. Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, classificou como “infeliz, debochada e desrespeitosa” a colocação de cartazes com imagens de santos católicos em postes da Avenida Paulista. Para o cardeal-arcebispo, o “uso instrumentalizado” das imagens por parte da organização do evento “ofende o sentimento da Igreja Católica”.

“A associação das imagens de santos para essas manifestações da Parada Gay, a meu ver, foi infeliz e desrespeitosa. É uma forma debochada de usar imagens de santos, que para nós merecem todo respeito”, disse d. Odilo. “Vamos refletir sobre medidas cabíveis para proteger nossos símbolos e convicções religiosas. Quem deseja ser respeitado também tem de respeitar.”

Para o cardeal, a organização da Parada Gay pregou os cartazes “provavelmente” para atingir a Igreja Católica, “porque a Igreja tem manifestado sua convicção sobre essa questão e a defende publicamente”. O cardeal também voltou a manifestar posição contrária ao slogan escolhido pela organização da Parada, “amai-vos uns aos outros” (parte de versículo do Evangelho de São João).

“Jesus recomenda: ‘amai-vos uns aos outros, como eu vos amei’. O uso de somente parte dessa recomendação, fora de contexto, em uma Parada Gay, é novamente um uso incorreto, instrumentalização da palavra de Jesus.”
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