“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Pois se caírem, um levantará o seu companheiro; mas ai do que estiver só, pois, caindo, não haverá outro que o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará? E, se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa”. Ec 4: 9-12
Esse é um trecho muito usado, entre outras coisas, para mostrar as vantagens do casamento. De fato, um bom casamento é um dos maiores “bens” que se pode possuir na terra: relacionamento amoroso com a esposa, filhos que um dia se tornarão nossos melhores amigos, sem falar na probabilidade bem maior de uma velhice feliz, longe da solidão e dos abrigos de velhos.
Mas será que sempre um mais um é igual a dois? Conheci um casal em que a esposa diligente, nas horas extras “fazia unha” para aumentar a renda familiar enquanto o esposo irresponsável se dedicava a beber e a contrair dívidas que ela terminava por pagar, jogando fora diariamente os seus sonhos de progredir.
Conheci outra cujo marido economizava com ela tudo o que podia, enquanto gastava dissolutamente com uma terceira com a qual mantinha um caso. Sem falar nas mulheres espancadas, que o diga Maria da Penha, cujo esposo a tentou assassinar, terminando por deixá-la aleijada e presa a uma cadeira de rodas.
São casos extremos? Será? Quantos maridos e esposas você conhece que são um atraso de vida para seu cônjuge? Dissipam o que o outro tenta ajuntar? Com seus caprichos, mania de riqueza, inveja do vizinho... Um outro casal, dizia-me a mulher, diversas vezes teve de fazer tratamento médico pois ele trouxe doenças venéreas para casa. Até que um lado não agüenta mais.
Que conselhos temos para essas pessoas? Apenas dizer que marido preguiçoso, encrenqueiro, violento não é motivo para divórcio, pois não houve adultério? Apenas que entrem numa corrente de oração, dêem uma oferta e aguardem, enquanto dia a dia vêem mutiladas suas auto-estimas, seus sonhos, seus filhos cheios de tiques nervosos e revoltados...
Não sou a favor do divórcio, e o conselho do apóstolo Paulo ainda é válido: “Todavia, aos casados, mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido; se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher” ( 1 Co 7:10-11). Mas às vezes é melhor estar só que mal acompanhado. Um às vezes é melhor que dois.
Continuando com o sábio apóstolo: “Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher incrédula, e ela consente em habitar com ele, não se separe dela. E se alguma mulher tem marido incrédulo, e ele consente em habitar com ela, não se separe dele. Porque o marido incrédulo é santificado pela mulher, e a mulher incrédula é santificada pelo marido crente; de outro modo, os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos” 1 Co 7: 12-14.
Meu questionamento é: será que um marido que espanca a esposa, é desonesto, viciado, maltrata os filhos, pode ser considerado cristão? Violentar física e psicologicamente o parceiro é “consentir habitar com ele”?
A Bíblia relata um diálogo interessante entre Jesus e os fariseus: “ Aproximaram-se dele alguns fariseus que o experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher, e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem. Responderam-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la? Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio. Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.] “ (Mateus 19: 3-9).
Na conta de Jesus, um mais um igual a um: “ Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim já não são mais dois, mas um só carne”. O grande problema dos casamentos atuais é que existem pessoas que jamais se misturam. Lembram-se das lições de física: água e açúcar, mistura homogênea, forma-se um novo elemento, diferente dos outros dois. Óleo e água não se misturam, mistura heterogênea, luz com trevas, na linguagem bíblica.
Por mais que os entendidos atuais insistam em que o casamento não pode tirar a individualidade, o casamento bíblico implica numa mistura em que ambos se tornam um, mistura homogênea, ambos devem perder um pouco para ambos ganharem. A mulher deve honra ao marido e o marido deve honra à mulher. As feministas detestam isso, mas se tal roupa não agrada ao meu marido eu não a visto e vice versa. Se não há isso, não há casamento. Estão casados mas são solteiros.
Naquele diálogo com Cristo os discípulos entenderam isso, e sabe qual foi a reação deles? “ Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar”. Não foram os fariseus que disseram isso.
E então, você é capaz de se misturar? Como está o seu casamento? Meu conselho é que você vá em frente. “Por questões que lembram tolerância baixa ou algo similar, parece mais barato começar outro casamento, outra amizade, outro trabalho, mudar de cidade, do que o empenho para reparar as coisas. De certo modo, muitos de nós passaram a entender que consertar custa mais caro do que trocar” (Lúcio Packter). Mas pode valer à pena!.
Encerro sem mais palavras. Que Deus lhe ilumine! Amém.
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