Na época da Campanha Eleitoral para Presidência do Brasil, nos levantamos ao lado do Pr. Paschoal Piragine Jr. (Presidente da Convenção Batista Brasileira) que afirmava que o governo de Dilma Rousseff queria legalizar o aborto no Brasil (veja o artigo aqui). Logo depois a então candidata afirmou que tudo não passava de boatos e que ela se comprometia a não legalizar o aborto no Brasil… Vejamos então o que está ocorrendo hoje:
O ex-ministro chefe da Casa Civil no governo Lula, José Dirceu, publicou texto em seu blog (veja aqui) afirmando que os evangélicos pretendem impor à sociedade uma visão “preconceituosa e repressiva”, e “patrulhar todas as políticas públicas com relação às questões do aborto e da homossexualidade”.
Lembre-se que Zé Dirceu, como é conhecido, está afastado da política após ter tido seu mandato cassado em 2005, por suas ligações com o esquema do mensalão. Mesmo, assim (estando com os direitos políticos suspensos até 2013) o ex-deputado e ex-ministro continua sendo um dos homens mais influentes dentro do Partido dos Trabalhadores ao lado de Gilberto Carvalho, posição conquistada durante a campanha que elegeu Lula como presidente em 2002.
Para ele, é necessário reforçar a posição do ex-ministro Fernando Haddad a favor do kit-gay, que foi barrado devido à pressão dos evangélicos. “Não podemos ficar na defensiva e no recuo frente à violência e à chantagem de certos setores evangélicos que querem interditar o debate sobre esses temas no país”, escreveu, referindo-se ao debate sobre os direitos homossexuais e ao aborto.
As polêmicas declarações de Zé Dirceu vem à tona pouco tempo depois da crise entre o governo e líderes e políticos evangélicos, motivada pelas declarações do ministro Gilberto Carvalho, sobre a necessidade de se estabelecer uma disputa ideológica com os evangélicos.
À época dessas declarações, o jornalista Reinaldo Azevedo, colunista da revista Veja, escreveu artigo afirmando que políticos do PT veem os evangélicos como última barreira para implementação do plano de poder do partido.
-“Mas só quem desconhece a natureza do PT para se constituir como partido único (não de direito, mas de fato) apostaria numa futura convivência pacífica. Atenção! Não pode existir vontade organizada fora do partido. É uma questão de princípio. O PT, hoje, não quer, é evidente, o socialismo à moda antiga. Ele o quer à moda moderna: ser o ente de razão que gere a sociedade em todos os seus domínios. E os evangélicos tendem, no futuro, a atrapalhar esses propósitos”, escreveu o jornalista.
Especialistas políticos afirmam que a recente nomeação do Bispo da IURD Marcelo Crivella (PRB-RJ) para o Ministério da Pesca foi uma manobra do governo para aproximar-se dos evangélicos. O novo ministro, porém, afirmou que temas como aborto e família são muito sérios para os evangélicos: “Ela [presidente Dilma Rousseff] pode colocar todo o ministério evangélico que, se ela aprovar leis que são contra a família e contra a vida, vai perder o apoio dos evangélicos. Nesse caso, não tem santo que ajude”.
Confira abaixo a íntegra do artigo “O desserviço que o preconceito impõe à democracia”, escrito pelo ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT-SP):
Temos que destacar e apoiar a posição do pré-candidato à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, quando denuncia o uso político dado à polêmica sobre o aborto, na eleição de 2010, e, recentemente, ao kit anti-homofobia, do Ministério da Educação, quando foi ministro da pasta.
Ele está certo quando taxou de “torpe” a forma como essas discussões foram encaminhadas e aproveitadas politicamente. De acordo com Haddad, o uso destes temas incentiva o preconceito e promove a violência.
“Isso não faz bem para o Brasil”, frisou ele. Haddad ressaltou que o kit anti-homofobia surgiu de uma demanda de emenda parlamentar. Ainda assim, devido às críticas da bancada evangélica contra a distribuição do material nas escolas, a iniciativa foi suspensa. Segundo o ex-ministro, no entanto, o kit foi usado em cursos de formação de professores.
Não podemos ficar na defensiva e no recuo frente à violência e à chantagem de certos setores evangélicos que querem interditar o debate sobre esses temas no país e patrulhar todas as políticas públicas com relação às questões do aborto e do homossexualidade. Esses grupos buscam impor ao Estado brasileiro uma visão preconceituosa e repressiva. Os que dão guarida a esse comportamento violento que introduz em nossa sociedade o ovo da serpente do preconceito e do racismo prestam um desserviço à democracia e à convivência social.
A socióloga e ex-senadora Eva Blay, afirma em entrevista ao jornal Folha de São Paulo que a postura conservadora das igrejas demonstra intenção de “punir a sexualidade feminina” e que os líderes cristãos “preferem a morte das mulheres” a aceitar a legalização do aborto, tentando assim fazer referência à consequência de casos extremos, em que a mãe acaba falecendo por não ter extraído o feto.
Dai vem a pergunta: Quantas mulheres morrem vítmas de abortos clandestinos no Brasil anualmente? Esta pergunta, obviamente, não tem uma resposta simples, partindo do próprio questionamento que ao apresentar o fato de ser algo clandestino encontramos dificuldades de registros.
Porém a coisa talvez seja um pouco mais fácil de esclarecer do que se pensa. Em Fevereiro deste ano a ONU destacou o fato de 200 mil mulheres morrerem em cirurgias clandestinas de aborto, anualmente, no Brasil (veja a matéria aqui). Nesta ocasião o governo de Dilma Rousseff teria sido colocado contra a parede e respondido: “o aborto está entre as cinco principais causas de mortes de mulheres no Brasil”.
Pergunto-me onde os peritos da ONU e a própria ministra obtiveram seus dados. E, se a ministra sabe que o aborto está “entre as cinco principais causas”, se deu-se ao trabalho de verificar os números. Vamos a eles, todos obtidos nas páginas do próprio governo, concretamente o DataSUS.
O último ano a ter os seus números totalmente consolidados é o de 2010. Nesse ano, os óbitos de mulheres em idade fértil – por todas as causas – somam 66.323. Destes, os devidos a gravidez, parto ou aborto foram 1.162. Restringindo-nos apenas a aborto, temos 83 mortes. Isso mesmo, foram oitenta e tres. Portanto, bastaria à nossa Ministra dizer a verdade, ou seja, que o número apresentado pela “especialista” da ONU é totalmente absurdo e não teria qualquer constrangimento. Ou teria estes especialistas recebido este número… do Governo do Brasil? É algo que ainda precisa ser verificado.
Note que o número total de mortes de mulheres em idade fértil é muito menor do que o suposto número de mulheres vitimas de abortos clandestinos. Se o número que foi apresentado fosse verdadeiro precisaríamos de ter a morte de um milhão de mulheres em idade fértil todos os anos no Brasil (já que a ministra afirmou que o aborto seria a quinta causa de mortes). Isto, sem dúvidas já teria levado o nosso país a extinção.
A questão parece óbvia. Existe uma grande campanha de certas lideranças políticas no Brasil que, por livre acesso ao governo, fazem pressão para que o aborto seja legalizado a qualquer custo em nosso país. Quando nos levantamos contra eles atacam afirmando que somos intolerantes fundamentalistas religiosos.
Se é assim… Se somos fundamentalistas religiosos, vejamos o que a Bíblia afirma sobre o aborto:
Ao falar sobre Sansão, a Bíblia demonstra que Deus e os judeus já consideravam a pessoa como um ser humano vivo antes mesmo dele nascer. Isto fica claro pela recomendação de que o voto de nazireu já deveria ocorrer desde o ventre de sua mãe:
Juízes 13:7 Porém disse-me: Eis que tu conceberás e terás um filho; agora pois, não bebas vinho, nem bebida forte, e não comas coisa imunda; porque o menino será nazireu de Deus, desde o ventre até ao dia da sua morte.
Os salmistas também consideravam que Deus cuidava deles desde o ventre de suas mães:
Salmos 71:6 Por ti tenho sido sustentado desde o ventre; tu és aquele que me tiraste das entranhas de minha mãe; o meu louvor será para ti constantemente.
E o próprio Apóstolo Paulo afirma:
Gálatas 1:15 Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça,
Aqui chego num ponto interessante. Talvez você não tenha se dado conta, mas um aborto nos tiraria um terço do Novo Testamento. Pela lógica assassina e cruel dos aborteiros: “uma criança que no parto venha ameaçar a saúde da mãe deve ser abortada”, ao menos é isto que está sendo questionado no Brasil pelas novas leis que estão querendo impôr a nós. Pois bem, Raquel, a mulher amada de Israel morreu ao dar a luz a Benjamim. A parteira que a via morrer a encorajou dizendo:
Gênesis 35:17 A parteira procurou animar Raquel, dizendo: “Coragem! Nasceu o menino!”
Entre os descendentes de Benjamim, muitas gerações depois, está o Apóstolo Paulo, que escreveu um terço do Novo Testamento!
Filipenses 3:5 Fui circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu”;
Dos 27 livros do N.T. 13 foram escritos por Paulo!
Portanto, se esta lei absurda existisse naquela época, Benjamim não teria nascido, Israel não teria 12 tribos, seriam apenas 11, José não teria seu único irmão por parte de mãe (Benjamim), muitos judeus não teriam nascido e inclusive o próprio apóstolo Paulo não existiria muitas gerações depois.
O que eu quero mostrar com a questão sobre Paulo é que a polêmica não é simplesmente religiosa. A questão é que qualquer aborto gera consequências inimagináveis e imensuráveis. Quantas pessoas que mudaram o mundo poderiam deixar de existir caso houvessem abortos legalizados no passado? Poderia ser que não tivéssemos alguns dos homens mais influêntes da atualidade, descobridores da ciência, médicos, escritores, artistas… Ao fazer um aborto não temos como medir as consequências sociais futuras, nem mesmo na geração seguinte, quanto mais se considerarmos toda a linhagem que foi morta…
O que temos que considerar de verdade é que, provamente, morrem mesmo centenas de milhares de mulheres (e outro tanto de homens) por aborto a cada ano no Brasil. Morrem antes mesmo de nascer, abortadas. E deixam em suas mães as marcas físicas e psicológicas de ter realizado um aborto – seja ele clandestino ou não. Este é o verdadeiro “problema de saúde pública” a ser enfrentado. Qualquer outra argumentação é pura invencionice política de quem deseja assassinar livremente os pequenos e indefesos bebês.
E lembre-se, mesmo que você ache que o aborto legalizado no Brasil não fará diferença para você porque você não faria um aborto… Os poucos recursos destinados a saúde no Brasil teriam que ser divididos com mais este procedimento hospitalar. Isto significa que, se você precisar de um hospital público, a sua situação estará muito pior do que hoje está e que o dinheiro que você paga em impostos será usado para matar bebês…
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