As pessoas que frequentam serviços religiosos
regularmente tem menos propensão que as demais a desenvolver diabetes ou
pressão arterial elevada, sugere um novo estudo feito no Canadá. Mais
uma vez a fé aparece ligada à boa saúde. Um dos principais motivos é que
os religiosos, na maioria das vezes, não possuem um comportamento de
risco, não fumam, não bebem e entendem que o corpo é uma dádiva dos céus
e por isso precisa ser bem cuidado.
Os autores do estudo, da McMaster University em Ontário, Canadá,
teorizam que cristãos e membros de outras confissões religiosas
encontram apoio para lidar melhor com as doenças, oferecendo uma rede de
apoio social quando elas ocorrem.
Em entrevistas que faziam parte de um estudo paralelo, os fiéis e os
sacerdotes dizem sentir que ir à igreja é algo “terapêutico”, disse
Ananya Banerjee, a epidemiologista que liderou a pesquisa.
“Os líderes religiosos sentem que as pessoas entram em um estado
meditativo, e os templos são lugares onde podem se sentir em paz”, disse
ela. ”Esse tempo às faz realmente refletir sobre suas vidas e absorver
tudo o que estava sendo dito… por isso podem viver a vida ao máximo, mas
sempre de acordo com a vontade de Deus”.
A pesquisa da McMaster é a primeira desse tipo no Canadá, conseguindo
provar a relação da saúde com a fidelidade religiosa, dizem os autores.
Os dados foram coletados a partir da Pesquisa Canadense de Saúde da
Comunidade, feita pelo governo canadense e que continha dados sobre a
vida religiosa das pessoas. A professora Banerjee e seus colegas
analisaram as fichas de 5.400 entrevistados, de diferentes idades.
Eles descobriram que aqueles que iam regularmente à igreja ou que
participaram de cultos religiosos ao menos uma vez por semana tinham
quase 20% a menos de chances de sofrer com hipertensão e 40% a menos de
probabilidade de serem diabéticos. Também há uma taxa menor de doenças
cardíacas, mas a diferença não foi considerada estatisticamente
significativa.
Ms. Banerjee disse que ela enfrentou um ceticismo inicial, quando
propôs o estudo como parte de seu trabalho de doutorado, e uma grande
rejeição das revistas médicas quando ela tentou publicar suas
conclusões. Mas ele teve seu trabalho reconhecido pela renomada revista
especializada Religion and Health [Religião e Saúde].
A medicina há anos vem investigando constantemente a ligação entre fé
e saúde, com várias escolas de medicina oferecendo cursos sobre
espiritualidade para os médicos em treinamento, e já existem mais de
3.000 estudos publicados sobre o assunto. O problema é que a maioria
deles sempre é contestado, seja pela metodologia usada, o tamanho da
amostragem ou o interesse dos realizadores em defender sua confissão
pessoal.
Nenhum desses argumentos se sustenta nesse caso, pois os dados foram
coletados pelo governo, o numero é bastante alto e principalmente porque
embora 90% das pessoas que responderam a pesquisa sejam cristãs, a
doutora Banerjee, filha de indianos, é uma hindu praticante.
Os críticos sempre fazem pouco desse tipo de pesquisa, argumentando
que, em parte, os resultados positivos não são influenciados pela
religião, mas sim pela comunidade a que a pessoa pertence.
Contudo, o doutor Harold Koenig, médico e diretor do Centro de
Espiritualidade, Teologia e Saúde, aponta para estudos que mostram o
contrário, com outros tipos de “ambiente positivo ou de apoio” sendo
responsável pela melhora em apenas 15% dos casos. “Em uma comunidade
religiosa, o contato social é importante, mas não é tudo. O sistema de
valores e crenças é que faz com que as pessoas cuidem melhor de si
mesmas e umas das outras”, conclui.
Traduzido e adaptado de National Post
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