Na feira, mulher bonita não paga, mas também não
leva. Lá, a freguesa encontra frutas fresquinhas, os melhores temperos e, na
figura do feirante, um amigo com o sorriso no rosto. Lá se ver de tudo, mais
nem sempre é notada a presença de certos profissionais anônimos, falo
especialmente das crianças e adolescentes que pela madrugada deixam suas casas
e seguem para as feiras livres e lá chegando, trabalham por cinco, seis horas,
como carregadores de frete.
Particularmente, quando criança, também exerci
tal "oficio" nas feiras de Belo Jardim. Também já vendi confeito,
dudu, picolé, laranja, galinha e outros itens, além de pegar frete. Bom seria
para a criança e o adolescente estarem totalmente dedicados aos estudos e as
brincadeiras de criança, sem precisar desenvolver tais atividades.
Todavia, existe uma serie de fatores que promovem a necessidade do
trabalho destes, tais com a conjuntura financeira familiar, a falta de
alternativas de ocupação disponibilizadas pelos governantes, a própria vontade
do garoto, etc.
É muito interessante quando conversamos com os
garotos e notamos que cada um se vê como um comerciante, que faz da sua carroça
a sua empresa. Lembro-me que era uma ótima sensação, chegar ao fim da feira e ter o dinheiro necessário para comprar
uma bermuda, um chinelo, ou ainda comer um pastel com caldo-de-cana, sem ter
que pedir a ninguém. É certo que alguns até ajudam nas despesas domésticas, mas
é uma pequena parte. Na grande maioria dos casos eles trabalham para manter
suas necessidades pessoais. E então, é preciso levar em conta os valores
adquiridos, tais como, o valor ao dinheiro e as conquistas individuais,
responsabilidade, disciplina, relacionamento interpessoal, etc.
Hoje, eu
sou grato a Deus e a meu pai, que me permitiu ter tais experiências na
adolescência e que contribuíram para minha formação pessoal e profissional.
Sei que
este é um tema controverso, pois muitos pensam diferentes e de mim e acham que
nada disso deveria acontecer e que estes garotos deveriam estar em casa
desenvolvendo qualquer outra atividade, que não de trabalho. Mas é preciso deixarmos
de hipocrisia, se quisermos de fato intervir na vida dos adolescentes, que o
façamos na vida dos muitos que em idade similar estão mergulhados nas drogas e
na marginalidade.
Por meio da Igreja Assembleia de Deus Monte
Sião, temos acompanhado a vida de muitos destes garotos nos bairros do Santo
Antônio, Cohab II e Cohab III de Belo Jardim, logo posso afirmar que, o fato
dos garotos trabalharem na feira chega a ser um motivo para comemorarmos diante
da situação de outros que ali vivem.
Assim,
no dia de hoje, na Igreja Assembleia de Deus Monte Sião foi realizado um culto
de gratidão ao Senhor pela vida de cada um daqueles que pegam frete nas feiras
livres. Foi um momento de buscarmos a Deus, além de falarmos a cerca da unidade
familiar, do perigo das drogas e da prostituição. Após o culto, nos saboreamos
com um belo lanche preparado pelas irmãs.
Pr. Flávio Nunes
AD Monte Sião
Cohab III - Belo Jardim / PE
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